Modelo da Mobilidade Elétrica em Portugal

Toda a discussão relativa a Pontos de Carregamento também conhecidos por EVSE (Electric Vehicle Supply Equipment) vem para aqui.
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rimsilva
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Re: Modelo da Mobilidade Elétrica em Portugal

Mensagem por rimsilva » 19 mai 2022, 16:16

Eu não discordo que um local de acesso privado e outro de acesso público, sejam diferentes (porque são).

Aceito que possam usar essa critério de localização para tudo e mais alguma coisa, não aceito é que possa ser usado para causar concorrência desleal e criar várias interpretações daquilo que é a atividade de carregamento de um VE, criando dessa forma "sub-atividade" fictícias.

O que eu disse e reafirmo é que a "venda de energia" não deve ser encarada de forma diferente num e noutro caso, porque na realidade o que está em causa é a mesma atividade, a de carregamento de veiculos eléctricos.

Só em Portugal é que se discute e fala tanto em energia, em mais lado nenhum se vê isso, porque será? Seremos mais evoluídos que os outros países da europa? Não me parece.

Os problemas com a ME no resto da Europa nada têm a haver com a venda de energia, nem com a necessidade proteccionista da mesma, por isso a decisão que foi tomada em Portugal de bipolarizar uma atividade, apenas foi tomadas por motivos externos à ME.

Pessoalmente acho que o espirito da lei é claro quanto ao caracter comercial e a mobi.e traduz isso de forma clara no quadro em anexo.

Acho é que depois disso faz uma interpretação abusiva da integração na rede de mobilidade eléctrica, pessoalmente acho que não faz qualquer sentido obrigar o dono de postos num local privado a estar ligado a uma rede publica, porque o proprietário pode não ter interesse em dar o acesso indiscriminada a pessoas e/ou outros CEMEs.

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FullElectric
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Re: Modelo da Mobilidade Elétrica em Portugal

Mensagem por FullElectric » 20 mai 2022, 00:32

mjr Escreveu:
19 mai 2022, 11:07
Desculpa mas é completamente diferente um local de acesso privado e um de acesso público.

Um local de acesso público pressupõe que posso livremente lá chegar e carregar como se estivesse noutro lado qualquer, o mesmo não acontece num local de acesso privado onde é necessário autorização/contrato/etc para entrar nesse local. A única questão que não está enquadrada no modelo ao nível do acesso privado é a questão da venda de energia em acesso privado, que não está regulamentada (penso até que em termos genéricos seja proibida, como tal, e daí alguns players cobrarem por tempo, que na verdade até o desejam que assim seja para racionalizar o uso do posto). Isso sim, seria importante clarificar e regulamentar.
Carregar num vagão da CP com carregadores implica comprares um bilhete para colocar o carro no vagão.
Carregar num parque de acesso público da Emel ou outro qq pago implica comprares bilhete para colocar o carro no parque.
Onde está a diferença?

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BrunoAlves
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Re: Modelo da Mobilidade Elétrica em Portugal

Mensagem por BrunoAlves » 20 mai 2022, 16:21

Ainda em relação a este vídeo, alguém podia p.f. fazer chegar ao Marcus este relato? Alguém sabe se há uma localidade chamada "Loures" em Espanha? :mrgreen:
https://www.youtube.com/watch?v=LaZ7msgMMss
Tenho aqui guardados mais meia dúzia, só para o caso.
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Se forem conduzir, não bebam. Se forem beber, chamem-me!!! :D

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Re: Modelo da Mobilidade Elétrica em Portugal

Mensagem por mjr » 20 mai 2022, 18:21

rimsilva Escreveu:
19 mai 2022, 16:16
Eu não discordo que um local de acesso privado e outro de acesso público, sejam diferentes (porque são).

Aceito que possam usar essa critério de localização para tudo e mais alguma coisa, não aceito é que possa ser usado para causar concorrência desleal e criar várias interpretações daquilo que é a atividade de carregamento de um VE, criando dessa forma "sub-atividade" fictícias.

O que eu disse e reafirmo é que a "venda de energia" não deve ser encarada de forma diferente num e noutro caso, porque na realidade o que está em causa é a mesma atividade, a de carregamento de veiculos eléctricos.

Só em Portugal é que se discute e fala tanto em energia, em mais lado nenhum se vê isso, porque será? Seremos mais evoluídos que os outros países da europa? Não me parece.

Os problemas com a ME no resto da Europa nada têm a haver com a venda de energia, nem com a necessidade proteccionista da mesma, por isso a decisão que foi tomada em Portugal de bipolarizar uma atividade, apenas foi tomadas por motivos externos à ME.

Pessoalmente acho que o espirito da lei é claro quanto ao caracter comercial e a mobi.e traduz isso de forma clara no quadro em anexo.

Acho é que depois disso faz uma interpretação abusiva da integração na rede de mobilidade eléctrica, pessoalmente acho que não faz qualquer sentido obrigar o dono de postos num local privado a estar ligado a uma rede publica, porque o proprietário pode não ter interesse em dar o acesso indiscriminada a pessoas e/ou outros CEMEs.

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Claro que a Mobi.e quer que todos se liguem a eles.

Mas na verdade falta clarificar o espaço privado, regulamentando a venda de energia. Repara que a lei obriga a que os OPC se liguem à EGME, mas não o faz no caso da instalação do posto ser do próprio detentor. Eu entendo que em espaço privado os próprios OPCs não deveriam ter essa obrigatoriedade, ou então criar outra figura sem essa obrigatoriedade.

O DPC não tem caráter comercial a partir do momento que se regista como tal e se liga à rede da ME. Caso não se ligue, não estou ciente de nenhuma lei ou regulamento da ME que impeça a venda do serviço de carga (o tal número 2 do artigo 8 do RME aplica-se ao conceito de DPC ligado à rede da ME, o que decorre do número 1 do referido artigo).
Nissan Leaf 40 Tekna preto, entregue em 30 de maio de 2018. 51400km em 2024-02-15
Nissan LEAF mk1 Preto, entregue em 7 de julho de 2011. 180000 km em 2023-12-22.
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Re: Modelo da Mobilidade Elétrica em Portugal

Mensagem por mjr » 20 mai 2022, 18:35

FullElectric Escreveu:
20 mai 2022, 00:32
mjr Escreveu:
19 mai 2022, 11:07
Desculpa mas é completamente diferente um local de acesso privado e um de acesso público.

Um local de acesso público pressupõe que posso livremente lá chegar e carregar como se estivesse noutro lado qualquer, o mesmo não acontece num local de acesso privado onde é necessário autorização/contrato/etc para entrar nesse local. A única questão que não está enquadrada no modelo ao nível do acesso privado é a questão da venda de energia em acesso privado, que não está regulamentada (penso até que em termos genéricos seja proibida, como tal, e daí alguns players cobrarem por tempo, que na verdade até o desejam que assim seja para racionalizar o uso do posto). Isso sim, seria importante clarificar e regulamentar.
Carregar num vagão da CP com carregadores implica comprares um bilhete para colocar o carro no vagão.
Carregar num parque de acesso público da Emel ou outro qq pago implica comprares bilhete para colocar o carro no parque.
Onde está a diferença?
No âmbito da ME, e isto aplica-se ao caso do Continente, tem sido entendimento da DGEG que espaço de acesso público aquele que está registado como tal na Câmara Municipal correspondente, independentemente se tem cancelas, sinalização ou qualquer outra coisa a "impedir" o acesso ao público. Um vagão de um comboio é tão fora da caixa que nem sequer percebo a insistência...
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Re: Modelo da Mobilidade Elétrica em Portugal

Mensagem por Nonnus » 20 mai 2022, 22:23

mjr Escreveu:
20 mai 2022, 18:35
Um vagão de um comboio é tão fora da caixa que nem sequer percebo a insistência...
Sem querer encontrou-se um vazio legal. A solução para o problema da venda de energia passa por se instalar carregadores em vagões de comboio, ferrys, aviões etc .💡
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Re: Modelo da Mobilidade Elétrica em Portugal

Mensagem por BrunoAlves » 21 mai 2022, 00:19

Esse é que é o catano do ponto. Esse mesmo!
Ah e tal vamos arranjar um modelo em que se imponha e limite a operação de todos quantos operem em "espaços acessíveis ao público".
Não interessa se é via pública ou o terreno do Zé Manel, está registado como acesso público e por isso está debaixo de um capote gigante que o obriga a cumprir milhentas cenas.

Mas e o terreno do Tó Silva? Esse está registado como acesso privativo! Mas têm ambos serventia para o IC2!
Ah nesse não, já pode ter postos de carregamento em cima de paletes e vender carregamento como "unidades de coisas imaginárias" que isso já está tudo bem.
Mas sem regras de OPC e sem cumprir as obrigações do sector eléctrico? E sem comunicar os consumos da mobilidade eléctrica que vão ser o futuro deste mundo e do planeta do Flash Gordon? Sim sim que é acesso privado.

E depois há quem defenda isto. Ultrapassa-me :doh:
Se forem conduzir, não bebam. Se forem beber, chamem-me!!! :D

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Re: Modelo da Mobilidade Elétrica em Portugal

Mensagem por RJSC » 21 mai 2022, 11:51

Isto está a fazer-me lembrar de uma história que o meu bis-avô me contava sobre os isqueiros durante o Estado Novo:
Portugal teve entre 1937 e 1970 uma das mais caricatas e ridículas leis de que há memória; falo-vos dessa nefasta regulação que dava pelo nome de - Licença Anual Para Uso de Acendedores e Isqueiros e que custava a módica quantia de 50$00 (cinquenta escudos) já no final desta aberrante prerrogativa.
Consta que a tal licença existia para proteger a industria fosforeira portuguesa, sendo esta a destinatária de 70% do lucro das multas, já que os restantes 30% revertiam a favor do autuante – vulgo inspector de isqueiro – e no caso de haver delator que conduzisse á autuação também este seria agraciado com metade da comissão do tal inspector.
As multas ascendiam a 250 escudos e caso o prevaricador fosse, funcionário do estado ou militar a coima seria aplicada a dobrar, ou seja: 500 escudos, coisa que nos anos sessenta dava para comprar muita coisa, como por exemplo: cem maços de tabaco!
Esta licença só tinha validade se o fiscal apanhasse o utilizador num espaço público e este não possuísse licença, caso o utilizador estivesse “debaixo de telha” (conforme penso que lavrava o teor da anedótica lei que hoje aqui vos trago) o proprietário do isqueiro já o podia utilizar à vontade e sem receios.
Consta que certos estudantes ou adversários do regime não possuíam a tal licença, mas carregavam num bolso o isqueiro ilicenciado e no outro uma telha, objecto que utilizavam para debaixo da mesma acenderem os seus cigarritos, coisa que irritava os tais PIDES de segunda – conforme também eram apelidados – que não tinham argumentos autuantes para tão ilustres prevaricadores, muitos deles estudantes de direito.
http://pulanito.blogspot.com/2010/01/li ... s-vai.html
https://jornalproenca.pt/licenca-para-acender/


Será que os advogados da Sonae já desistiram de procurar o equivalente à telha?

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Re: Modelo da Mobilidade Elétrica em Portugal

Mensagem por Filipe » 21 mai 2022, 21:46

Essa história faz-me lembrar outra que o meu avô contava, das guaridas altas horas da madrugada, que ele dava ao Zé do Telhado na sua
casa no Casal de Santo Estevão, Chaves, onde enquanto o foragido contava as ultimas peripécias, deitavam a baixo um garrafão de vinho
da última colheita para degustar um cabrito cada um 8-)
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Re: Modelo da Mobilidade Elétrica em Portugal

Mensagem por rimsilva » 23 mai 2022, 09:11

mjr Escreveu:
20 mai 2022, 18:21

Claro que a Mobi.e quer que todos se liguem a eles.

Mas na verdade falta clarificar o espaço privado, regulamentando a venda de energia. Repara que a lei obriga a que os OPC se liguem à EGME, mas não o faz no caso da instalação do posto ser do próprio detentor. Eu entendo que em espaço privado os próprios OPCs não deveriam ter essa obrigatoriedade, ou então criar outra figura sem essa obrigatoriedade.

O DPC não tem caráter comercial a partir do momento que se regista como tal e se liga à rede da ME. Caso não se ligue, não estou ciente de nenhuma lei ou regulamento da ME que impeça a venda do serviço de carga (o tal número 2 do artigo 8 do RME aplica-se ao conceito de DPC ligado à rede da ME, o que decorre do número 1 do referido artigo).
A mobi.e a unica coisa que devia querer era tentar cumprir as funções que a lei determina, em vez de querer atingir outros objectivos. É por este tipo de atitudes que é tão mal vista pela maior de utilizadores de VE.

O seu principal foco deveria ser em garantir postos de carregamento funcionais, precionando os OPC para tal, em vez de andar a querer fazer de AT da ME, preseguindo os OPCs com postos funcionais, mas que não cumpre as "suas" leis.

Deveriam ouvir os utilizadores de VE que alertam para problemas e tentar resolver esses problemas, em vez de procurar só e apenas mostrar que a rede é perfeita!

Só assim poderiam justificar aquilo que gastam de dinheiros públicos.

A clarificação dos espaços é importante, na medida em que havendo algo não muito claro, é sempre imprtante esclarecer, para que não existam duvidas em relação a este ou aquela questão, mas essas duvidas serão sempre marginais, o essencial está claro.

O DPC até um bom conceito, que pode ajudar a melhorrar as condições de quemc carrega em condominios, empresas, etc... Mas não pode ser mais um subterfugio de criação de "sub-actividas" na ME.
o DPC será (deverá) uma solução sobretudo para carregamentos sem caracter comercial, ponto. Servirá para descriminação positiva ou para partilhas de custos, sem objectivo de exercicio de atividade ou geração de lucros.
È algo que também já existe em varios países da Europa, em Portugal foi mais uma vez, oportunidade para a mobi.e se auto promover, terem sido criadas medidas descriminatórias com a introdução de incentivos do Estado discriminatórios, mais um assunto para gerar criticas à mobi.e.

Mais uma vez, reforço que estes 2 aspectos, clarificação dos espaços e DPC, são questões acessórias, que será bom clarificar, mas que não vão resolver os problemas na "raíz" (legislação da ME).

Voltando um pouco atrás, a essa questão dos carregamentos nos comboios, podem discutir o que quiserem, sem vai a 160km/h se é isso é ou não razção para "fugir" à lei, etc...
Na realidade isso não é (ou pelo menos não deveria ser) postos em causa,como atividade, ou seja, num comboio ter um bar e vender produtos não muda nada comparativamente ao bar da esquina, tem de cumprir todos os requisitos legais.
Com a ME é a mesma coisa, está a execer uma atividade de carregamentos, tem de cumprir a "Mesma lei" que os outros, agora se a lei está mal ou não é outra questão, teremos de começar por essa mudança e não andar a procurar algo pouco claro para serem criadas regimes de excepção.

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