Permitam-me dois palpites.
Nonnus Escreveu:Quando pensaram em por as linhas de comboio todas electrificadas, nunca se ouviu dizer: é pá mas isso não pode ser porque não temos condições técnicas para o fazer.
Estou de acordo com a comparação. Seria uma desgraça se dissessem. Embora os meios pareçam gigantescos é mais eficiente e económico do que as soluções alternativas. E aqui é a mesma coisa: sai cara a infraestrutura? Bem, é muito melhor do que as alternativas... Caro sai o petróleo, que nos desequilibra a balança comercial.
Mas nem é tão complicado. Há tendência para haver um paralelismo entre a rede de auto estradas e a rede de transmissão. Não vemos sempre uma linha de MAT ao lado da auto estrada? (uma ou quatro, na A2) As linhas da REFER são de 130kV, a REFER tem a sua própria rede de transmissão MAT. O ponto é se a REFER merece a sua própria rede, então a ME não merece também? E se calhar, no caso da ME nem é preciso ter a sua própria rede, porque já correm linhas ao lado da auto estrada (e o abastecimento trifásico serve, não é o caso da REFER, que prefere monofásicas, não sei qual seria o ideal para a ME, DC?).
Não podemos dimensionar o abastecimento da ME à dimensão das bombas de gasolina, cuja finalidade é fornecer gasolina. Mal estaríamos se as bombas precisassem de mais potência que os PCRs...
Para se chegar a esse nível de investimento, no entanto... eu diria que só com investimento público.
Segundo palpite, de volta ao hidrogénio:
RJSC Escreveu:Pode ser.
São o sonho das petrolíferas, que podem assim manter toda a gente dependente do mesmo tipo de infraestrutura...
E as petrolíferas compraram muitas influências...
O pior é que é preciso 4 vezes mais electricidade para colocar um carro a hidrogénio a andar que um a bateria:
na conversão de água em hidrogénio e oxigénio
Acho que não é para comparar. Se a solução com bateria dá, por muitos anos continuará a ser a melhor. O hidrogénio é para quando a bateria não dá.
Depois, quando fazem essas imagens a comparar com electrólise, que, se alguém se dedicasse a produzir hidrogénio, nunca seria a forma escolhida, porque é a menos eficiente, acho que são um pouco tendenciosos. A lógica numa comparação destas é comparar com a melhor. Ninguém pensaria em fazer esta comparação com a electricidade a vir de uma central de carvão.
Pegando no estilo de frase do pemifer:
Não podemos avaliar o futuro do H2 pela tecnologia actual...
Quanto à dependência das petrolíferas ou congéneres... É claro que não há a independência do pequeno produtor como no caso do painel solar. Mas se pensarmos que os clientes do H2 podem ser grandes empresas de transporte, o caso muda de figura. Não podemos esquecer que o H2 se produz excedentariamente na Europa, porque surge como subproduto de alguma indústria química. Parece-me que está ao alcance de grandes empresas de transporte negociar esse H2 e mesmo a sua produção em condições de igual para igual. Ainda que no imediato, certamente que não é melhor solução que o gás natural.
Para o futuro, isto recorda-me um argumento que apareceu num documentário de 2016, que assinala o momento em que a energia fotovoltaica se tornou mais barata que o carvão. Um especialista da Bloomberg argumentava que sempre tinha sabido que este momento ia acontecer, eles sabiam havia anos. A questão é simples: nos combustíveis fósseis, o preço está dependente da disponibilidade da matéria prima; no fotovoltaico, o preço está limitado pela tecnologia, e essa eles já sabiam como ia evoluir, com a melhoria das suas características iriam ser produzidas quantidades cada vez maiores com preços consequentemente menores. Não sabiam se se cruzavam em 2015, ou exactamente quando, mas sabiam que ia acontecer.
Com o hidrogénio, apesar de haver uma dependência aparente, na realidade não há. A matéria prima é irrelevante: o custo está determinado pela tecnologia que o produz. E essa vai evoluir. Pode nunca ser uma coisa para produzir em casa, mas para empresas com frotas de navios, camiões, aviões? Em poucos anos estamos com aquários cheios de algas a produzirem-nos o H2, esqueçam a electrólise.