mjr Escreveu: ↑11 dez 2020, 15:36
Não sei se estás a perceber a questão inicial, que é apenas e só a estrutura de preços, ou seja ser mais cara a parte OPC em PCNs de 22kW do que PCRs de 50kW.
De que maneira é que a teu ver o modelo provoca isto e porque não seria assim sem o modelo.
Sim, claro que estou. E acho que não se consegue dissociar de poder ou não ter controlo da origem de energia.
A confusão é que eu acho que a componente OPC não é mais cara num PCN do que num PCR. Um PCN a 4cts/min rende 2,4€/h ao OPC (5cts/min de facto é um bocado duro, mas numa situação pontual já o paguei e siga!), um PCR a 0,1€/min rende 6€/h.
O PCN numa hora pode debitar 22kWh (o meu carro com carregador de 22kW "cola-se" a essa potência sem espinhas), o PCR uns 45kWh. O dobro da energia, mas 2,5x o preço.
Ou seja, pago 2,4€ ao OPC e carrego 22kW, essa parte custa-me 10,9cts/kWh (+ IVA). O OPC facturou 2,4€ mais ou menos "limpos". Entretanto ao CEME, Estado, etc, paguei 4,11€ (+ IVA).
Na condição que eu indiquei, sem CEME e instalação com potência que os 22kW nem fazem cócegas - e que assumo que seja o que faz o Continente - a energia sem custos de potência custa-lhes uns... vá... 10cts/kWh (que não é, provavelmente nem metade!), se eu pagasse os mesmos 6,51€ (+ IVA) o OPC tinha tido o custo de 2,2€, logo teria um receita mais ou menos "limpa" de 4,31€. Quase o do dobro do que tem com o modelo.
Para potências mais baixas, naturalmente que a margem teria de ser menor para permitir valores mais razoáveis ao UVE. Por exemplo, cobrar 30cts/kWh (que já é muito sem dúvida) dar-lhe-ia uma margem de 20cts/kWh. 4,4€/h a 22kW, 2,2€/h a 11kW, 1,44€ a 7,2kW. Na média destes valores estaria uma rentabilidade que seria sempre muito superior à actual.
Mais uma vez repito: TODAS as redes privadas têm custos para o UVE inferiores à rede pública, a prova está no pudim.
O "problema" é que não estamos a falar de 22kW. Estamos a falar de 11kW e de 7,2kW, ou até de 3,6kW. E aí a componente do OPC entrar "a doer" no custo por kWh.
Sobre os 3,6kW já o disse acima, é uma caridade que o operador faz e a única forma que eu encontro de olhar para isto numa perspectiva de negócio é com tomadas. Reparem que um cabo preso num posto destes em que o OPC seja multado em 400€ são semanas ou MESES de operação até este custo ser recuperado. Mas mesmo que não sejam multados, deslocar um técnico de madrugada para uma eventualidade destas nunca mais se paga.
Ou então, postos públicos, postes de iluminação, etc, em que as câmaras assegurem a função do OPC.
O fundamental é que eu não queria para mim (acho que ninguém aqui quereria) um negócio que rende 1,8€/h no máximo, considerando os 3cts/min (que a 7,2kW já são totalmente incomportáveis para o UVE e mesmo a 11kW já fazem doer muito).
Para 1ct/min seriam 0,6€/h de receita bruta. Não é negócio.
E é bom recordar que agora o OPC já tem de ter um backoffice, já tem de ter Help Desk 24h/dia (ainda que isso não esteja a ser completamente cumprido, mas ok...), tudo coisas que nos inícios destas conversas se diziam que não teriam de ter e isso eram grandes vantagens do modelo. Afinal vai-se a ver e nem por isso.