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Não vejo futuro para a opacidade nem para os preços do modelo, as histórias de quem compra um VE, carrega e é surpreendido com contas acima da despesa do gasóleo ou gasolina vão-se espalhar como fogo. É só acabar a penetração dos entusiastas, que se adaptam a tudo e gostam de aprender, e entramos na faixa do utilizador comum, que quer é deslocar-se mais barato e de forma simples, estando-se nas tintas se isso é com eletricdade ou outro combustível qualquer.

Sobre as metas de descarbonização, para mim isso não se mede pela eletricidade consumida em VE. O que interessa onde a eletricidade é consumida? O que interessa são as emissões médias de CO2 resultantes da energia produzida, a quantidade total de energia produzida/consumida e a evolução do uso de combustíveis fósseis. Está tudo devidamente quantificado, não é preciso inventar mais nada.

BrunoAlves Escreveu: ↑

31 jan 2022, 16:46

Mas sobre as metas de descarbonização há um "ponto" ainda mais giro: temos lido muitas vezes que uma das vantagens (e quase ponto de honra) do modelo é a contabilização da energia da mobilidade eléctrica. Com o modelo sabemos claramente qual é a energia entregue em carregamentos, a sua origem e tal.

Isto para mim é desculpa esfarrapada.

Como se noutro modelo com redes independentes não fosse também possível obter esse tipo de estatística! Basta obrigar os operadores a comunicarem os consumos a uma entidade responsável por tratar e compilar essa informação.

Impostos específicos sobre a electricidade para a ME? Mais uma vez, basta obrigar os operadores a cobrarem as taxas e taxinhas que se pretender.

Não há nada no nosso modelo que seja fundamental para este tipo de regulação do Estado que não se possa obter com redes privadas devidamente enquadradas legalmente.

Mas há uma coisa que o nosso modelo faz e vai ser cada vez mais óbvio com o passar do tempo (se é que não é já), é ser um entrave à inovação.

Tenho pena que a UVE tenha assumido uma posição de resignação perante isto tudo, mesmo com as críticas a choverem de todo o lado, a insatisfação de muitos utilizadores de VE com as faturas que recebem meses depois, com o imbróglio com os SuC da Tesla e postos do Continente, etc...

Gostava que a UVE fosse mais reivindicativa, e dou como exemplo o ACP vs Via Verde na questão dos aumentos da VV para 2022. O ACP fez logo barulho.

Como não me revejo na posição da UVE, deixei de ser associado.

Como todos já repararam o governo apenas vai tributar o iva a 6% nos primeiros 100kWh, para nós utilizadores de veículos electricos isso pode ser consumido em apenas alguns dias só para carregar o carro. Conclusão não há qualquer beneficio para nós.

Fica a pergunta para a UVE. Já mostraram a quem de direito que nós que temos VE não vamos ter o mesmo beneficio que por exemplo os donos de ICE tem? Que 100kWh para alguns de nós é gasto em alguns dias e que apenas representa uma poupança de ~1€?

Como associado ainda não recebi nenhuma newsletter a informar de alguma acção em relação a este assunto junto do governo.

O caricato desta medida é que vai precisamente contra tudo aquilo que o primeiro ministro e o seu governo têm vindo a defender. Se bem me lembro o Costa até criou um ministério para a Transição Energética.
Até agora foi distribuir fundos e dar sinais orientados a motivar as pessoas para substituírem os equipamentos e veículos consumidores de energias fosseis por equipamentos alternativos a eletricidade, mais eficientes e consumidores de energias limpas.
Agora, aqueles (grande parte de nós que por aqui andamos) que já abandonaram os fósseis é que são os maus da fita (porque gastam muita eletricidade e têm que poupar). e então vem o Costa baralhar tudo e voltar a dar... agora a prioridade é dar incentivos àqueles que consomem combustíveis fósseis com incentivos sem tetos nem limites de consumos. Quem mais consumir mais incentivo tem do estado
Haja pachorra..

Nonnus Escreveu: ↑

07 set 2022, 20:31

Como todos já repararam o governo apenas vai tributar o iva a 6% nos primeiros 100kWh, para nós utilizadores de veículos electricos isso pode ser consumido em apenas alguns dias só para carregar o carro. Conclusão não há qualquer beneficio para nós.

Fica a pergunta para a UVE. Já mostraram a quem de direito que nós que temos VE não vamos ter o mesmo beneficio que por exemplo os donos de ICE tem? Que 100kWh para alguns de nós é gasto em alguns dias e que apenas representa uma poupança de ~1€?

Como associado ainda não recebi nenhuma newsletter a informar de alguma acção em relação a este assunto junto do governo.

Eu sempre achei os 100kW.h manifestamente insuficientes, e que o IVA deveria baixar para a totalidade. O argumento dado pelo governo de que é para "incentivar a poupança", enfim... 100kW.h num mês é de facto muito pouco, pouco mais é que o consumo de um frigorífico... É uma boa ideia para as propostas da UVE para o próximo OE, aliás até já estava na calha.

Só não percebi a comparação com os ICE, o IVA nestes continua nos 23% para a totalidade. Ou estás a referir-te ao ISP? Não é uma comparação direta, pois o ISP é uma penalização pelo consumo desse combustível, algo que não existe na eletricidade. Eu sempre fui contra os descontos no ISP, aliás a UVE ainda nas propostas para o OE de 2022 indicou isso mesmo, de uma forma genérica.

Se bem entendi o que o Nonnus disse ele está a falar de benefício para o utilizador consumidor.
Benefício ou apoio estatal entenda-se é uma despesa ou quebra de receita pública (ou de todos nós que somos os contribuintes para as receitas das finanças do estado).
E a realidade pura e crua é esta, um automobilista utilizador de combustíveis fósseis está a ser incomparavelmente muitíssimo mais beneficiado que um utilizador de energia elétrica. Existem duas diferenças gritantes:
- Nos fósseis o benefício não tem limite de consumo;
- Nos fósseis (segundo as contas do Medina) o benefício é de 15€ por cada 50 litros.
- Na eletricidade o benefício é limitado a um consumo de 100kWh/mês (1,6€ de benefício máximo)
Ou seja, considerando os 50lts e os 100kWh, ambos darão, em termos médios, para percorrer cerca de 700km com os respetivos veículos.
Nestes 700km o condutor poluidor tem um benefício público de 15€ e o condutor do VE terá um incentivo 10 x inferior
Se ambos percorrerem 1400km por mês então as coisas ainda ficam mais distantes, o condutor do CI terá um apoio de 30€ enquanto condutor do VE manterá os 1,6€ (cerca de 20 vezes inferior)

EDIT: Isto se carregar em casa pois se o VE carregar na mobiE então o apoio é Zero

É isso mesmo. Não conseguia explicar melhor.

@mjr segundo o Costa o governo está a dar um benefício nos combustíveis fósseis de ~0.16€ por litro. Para que fique claro eu concordo e acho vergonhoso o preço dos combustíveis porque isto é a causa de termos tudo mais caro.

Ainda antes desta ajuda o governo deu através do iva voucher 20€ por mês a quem abastecia o carro.

Agora a que olhar para aqueles que usam um veículo que não deita fumo. Eu compreendo que não se pode incentivar o consumo de eletricidade por tudo aquilo que estamos a viver.

Será assim tão difícil fazer cruzamento e dados e ver que famílias é que tem VE e para essa famílias não haver esse limite de 100kWh? Ou em último caso fazermos comprovativo que temos um VE.

Eu acho muito mais simples e justo baixar o IVA para todo o consumo de eletricidade. É a energia mais limpa e um produto essencial, aliás o seu IVA devia ter baixado logo após a saída da Troika.

Beneficiar apenas os proprietários de VE não me parece defensável, especialmente quando comparado com os 100kW.h, que como disse para pouco mais que um frigorífico dá. Cozinhar e iluminar parecem-me mais básicos e fundamentais que a mobilidade.

Eu também acho que eletricidade como bem essencial não faz sentido ser pago a 13%, ou 23%, afinal não podemos viver sem ela. Mas já que existe essa limitação, então que se olhe para quem já deu o passo de ter um VE e se acabe com essa limitação dos 100kWh, por tudo aquilo já foi explicado anteriormente.

Existirem tetos para os apoios faz todo o sentido, aliás entendo que só faz sentido ser assim.
Agora um teto de 100 kWh cegos na eletricidade é uma idiotice (muito mais quando o argumento é incentivar à poupança), quando muito poderiam existir 3 ou 4 patamares.
Mas o mais inadmissível e até discriminatório é que essa filosofia do "incentivar à poupança" não se aplique também aos combustíveis fosseis quando racionalmente era precisamente nestes combustíveis onde deveria ser passado esse sinal.