Nissan Leaf: Óptimo… mas talvez não para já!

Aqui pode colocar a sua experiência de condução com o Nissan LEAF
Responder
Avatar do Utilizador
ruimegas
Gestor do Forum
Mensagens: 5074
Registado: 04 jan 2011, 23:39
Data de fabrico: 09 jun 2011
Capacidade bateria: 59 Ah 12 barras
Localização: Oeiras
Contacto:

Nissan Leaf: Óptimo… mas talvez não para já!

Mensagem por ruimegas » 26 jan 2012, 12:42

Nissan Leaf: Óptimo… mas talvez não para já!

Foi o primeiro de um prometido «Novo Mundo» a chegar a Portugal e, também por isso, rapidamente se tornou na imagem do «desejado» Veículo Eléctrico. Hoje em dia já numa fase de comercialização a todo o vapor, o Nissan Leaf, veículo familiar de cinco lugares zero emissões, verdadeiro gadjet na forma e na utilização, procura agora confirmar, progressivamente, a validade de uma opção. Que, dizemo-lo desde já, se apresenta como óptima… ainda que continuemos com (muitas) dúvidas sobre se será, realmente, para já!

[IMG]http://diariodigital.sapo.pt/images_con ... frente.jpg[/IMG]

"Antes de mais e embora não sendo habitual, começamos este texto, caro leitor, com uma «declaração de princípio»: somos, quase desde o primeiro instante, ou pelo menos desde que tomámos contacto com esta nova solução de mobilidade, defensores convictos do Veículo Eléctrico (VE) enquanto meio de transporte, em particular, nas cidades, onde, acreditamos, a poluição, o ruído, o próprio impacto provocado pelo muito tráfego, poderá ser fortemente atenuado com a disseminação deste tipo de automóveis. Que, a partir daí, uma vez conquistadas as cidades, acreditamos poder ver alargada ao resto do País.

Naturalmente, para que tal venha a ser a tão desejada realidade, novas evoluções serão necessárias talvez não tanto ao nível do automóvel, mas principalmente no que à capacidade das baterias diz respeito. Na realidade, o busílis em que se centram todas as dúvidas quanto ao futuro do VE, hoje em dia inquestionavelmente limitado num único mas importante – a autonomia.

Na realidade, mesmo com a evolução já conseguida ao nível da capacidade e armazenamento de energia - um feito que tem sido acompanhado pela evolução registada nos próprios sistemas propulsores… -, parece-nos indesmentível, especialmente quando levada em linha de conta a experiência já adquirida ao volante não apenas do Leaf, mas de vários outros modelos, que, apesar das marcas anunciarem presentemente autonomias a rondar os 160 quilómetros, este aspecto continua sendo o travão ao desejo dos condutores de possuírem um veículo sem emissões de CO2 e cujos custos de utilização, apesar do elevado montante gasto na aquisição, são pouco mais do que residuais (fala-se em valores que não ultrapassarão os 70 cêntimos, 1 euro, por cada 100 km). Isto porque dificilmente (muito dificilmente…) as propostas actuais conseguem garantir realmente esses 160 quilómetros; porque essa mesma autonomia continua a depender muito do tipo de condução, dos trajectos (se é auto-estrada ou vias secundárias) e até mesmo das próprias condições meteorológicas. Já para não falar em aspectos secundários como a importância de ter uma garagem ou local de estacionamento próprio, onde seja possível instalar uma tomada…

[IMG]http://diariodigital.sapo.pt/images_con ... gotras.jpg[/IMG]

Proprietários de um Leaf durante cinco longos dias, durante os quais procuramos fazer do Nissan o nosso único carro de família, a verdade é que também nós acabámos confrontados com todas estas condicionantes, reais e não raras vezes difíceis de ultrapassar, confirmando que, apesar da nossa receptividade e crença nesta nova tecnologia, vários aspectos há ainda a evoluir para estarmos dispostos a colocar de lado o nosso tradicional automóvel com motor de combustão! Mas comecemos pelo início…

Único VE à disposição no mercado nacional capaz de competir (em dimensões, bem entendido) no segmento C, o mesmo de propostas campeãs de vendas como o Renault Mégane, Peugeot 308 ou Volkswagen Golf (só para citar alguns), o Nissan Leaf diferencia-se, no entanto, fortemente de todos eles, desde logo, devido a linhas exteriores que fazem antever aquilo que nos espera no seu anterior – traços futuristas e até mesmo não muito consensuais, pontuados aqui e ali com soluções algo espaciais (veja-se, por exemplo, o caso dos farolins traseiros), tudo isto num corpo compacto que tem também como objectivo garantir a mínima resistência ao vento possível. Afinal, toda a energia contida nas baterias importa e não pode ser desperdiçada por devaneios de design…

Por outro lado e conforme já foi referido, o ar de «veículo do futuro» acaba sendo também uma preparação inicial para aquilo que nos espera no interior do habitáculo, onde, não temos dúvidas, este Leaf fará as delícias dos amantes dos gadjets!...

[IMG]http://diariodigital.sapo.pt/images_con ... ablier.jpg[/IMG]

A acompanhar um volante de bom toque e até mesmo esculpido na zona das pegas, mas apenas regulável em altura, um painel de instrumentos totalmente digital com todas as informações já habituais, mais algumas específicas do modelo, como o indicador do nível da carga da bateria com a autonomia ainda existente (fácil, simples e claro como a água…); uma manche da (suposta) caixa de velocidades automática que mais parece saída de uma nave espacial (com três modos de funcionamento - P, D e R - sendo que dispõe ainda de um modo Eco, para maior poupança, accionável movendo o joystick duas vezes na direcção do D); assim como uma consola central de dimensões generosas que, apesar de intuitiva e de fácil apreensão, certamente merecerá dos amantes das tecnologias muitos momentos de alegre e divertido convívio Homem-Máquina. Por exemplo, descobrindo o excelente sistema de telemática Carwings que serve não apenas para registar todos os dados relativos ao nosso tipo de condução e sobre o quanto podemos ser ecológicos, como para programar o melhor trajecto levando em linha de conta os postos de carregamento já memorizados no sistema, ligar/ desligar remotamente o ar condicionado (tem inclusivamente um temporizador!) através de um iPhone, iPad ou do computador do escritório (através da Net), ou até mesmo verificar no mapa onde estão situados os postos de carregamento mais próximos, com o sistema a mostrar-nos quais aqueles que, face à energia de que ainda dispomos, permanecem no nosso raio de acção.

[IMG]http://diariodigital.sapo.pt/images_con ... idades.jpg[/IMG]

Com o condutor totalmente focado na inúmera tecnologia à sua disposição e em seu redor (toda ela, de uma forma, geral, intuitiva e interactiva para a grande maioria dos utilizadores…) ou até mesmo no muito equipamento que surge de série (opcional, só mesmo a placa de células fotovoltaicas no spoiler traseiro, que serve, basicamente, para aliviar a bateria principal, ajudando a carregar uma bateria suplementar de 12V que serve para alimentar equipamentos secundários como os vidros eléctricos, o fecho centralizado, os limpa-vidros, os sistemas de som e de ar condicionado, e as luzes exteriores e interiores), cabe aos restantes passageiros convidados para uma autêntica «viagem ao futuro» repararem em aspectos bem menos «avançados, como é o caso da agradável qualidade de construção e de materiais, dos vários espaços de arrumação (também abertos), da habitabilidade capaz de albergar três ocupantes atrás (mas com o do lugar do meio limitado por um banco claramente de recurso!) ou até mesmo de uma bagageira que, embora pouco funcional devido às limitações impostas pela colocação das baterias junto às costas dos bancos traseiros (que, ainda assim, rebatem 60/40, mas sem grande utilidade, já que ficam demasiado altos), ainda consegue anunciar uma capacidade de carga de 330 litros… e aumentáveis até aos 680 litros! Ou seja, quase tanto quanto as referências do segmento!

Com a família acomodada nos respectivos lugares, é tempo de dar início à viagem, colocando o Leaf em funcionamento através de uma ligeira pressão num hoje em dia já vulgar botão Start/Stop, o primeiro passo não para uma qualquer sinfonia de cilindros mais ou menos delicados, mas para um silêncio total, só quebrado pelo aparecimento de uma luz no painel de instrumentos a denunciar estar o Nissan totalmente operacional e pronto para a guerra! Do trânsito, bem entendido…

Movido exclusivamente a energia eléctrica, sem qualquer motor de combustão ou outro propulsor a apoiar, o VE da Nissan dispõe de um motor do tipo eléctrico capaz de debitar uma potência de 109 cv e um binário de 280 Nm, ambos totalmente disponíveis ao mais suave toque no acelerador (parece um verdadeiro foguete a forma como «dispara»…) e a garantir passagens de 0 aos 100 km/h em 11,9 segundos, além de uma velocidade máxima anunciada de 145 km/h.

[IMG]http://diariodigital.sapo.pt/images_con ... eandar.jpg[/IMG]

Transpostas para a realidade do dia-a-dia, estas cifras mostram ser sinónimo de um desempenho verdadeiramente convincente, em particular, devido à forma célere e rápida como o Nissan se movimenta no tráfego citadino, ainda que com um desempenho dinâmico mais preocupado com o conforto do propriamente com a eficácia. A confirmá-lo, basta citar a forma como permite um certo adornar da carroçaria ou até mesmo uma capacidade de curvar não muito precisa, fruto também de uma direcção que não esconde, também ela, uma concepção mais pró-conforto. Um pouco, aliás, como também acontece com o sistema de travagem…

Contudo, se a tudo isto condutor e ocupantes conseguem responder com um sorriso, já tudo se torna bem menos alegre a partir do momento em que, a circular em auto-estrada, a velocidades a rondar o limite legal, vemos a rapidez com que a autonomia vai desaparecendo (nas nossas mãos, com uma utilização maioritariamente em cidade e algumas viagens Lisboa-Cascais, nunca conseguimos fazer mais de 120 km com um «depósito»… sendo que até o próprio indicador dos quilómetros que ainda podemos fazer também não é muito preciso!), ou até mesmo quando, entrados nos últimos quilómetros de autonomia, somos atirados para o autêntico «carrossel de incerteza e unhas roídas» que é a missão de abastecer um eléctrico!

Depois de nos dois primeiros dias termos optado por carregar no Leaf, ou no posto de abastecimento rápido da auto-estrada A5 (onde nem sequer é preciso tirar o cabo da bagageira, bastando passar o cartão no descodificador, marcar o código e conectar a ligação do próprio posto), ou no posto de abastecimento público que (felizmente!) temos em frente à redacção, chegou o dia em que, vindos de Cascais, encontrámos a primeira solução avariada! Com energia para fazer pouco mais de 13 quilómetros, decidimos então seguir em frente para Lisboa e para um posto perto da zona de residência… para descobrir o inconcebível: 3 postos de carregamento visitados, três postos de carregamento desligados! Três!... E isto, claro está, já para não falar sobre os pontos de carregamento que encontramos «tapados» por automóveis movidos a gasolina ou diesel, ou até mesmo outros que, apesar de figurarem no computador do Nissan, simplesmente não existiam!...

[IMG]http://diariodigital.sapo.pt/images_con ... rregar.jpg[/IMG]

Já em total desespero… e quase sem unhas para roer, a decisão mais difícil de tomar: rumar ao posto de abastecimento em frente ao jornal, em plena Baixa lisboeta, para aí deixar o Leaf a carregar o resto da tarde, regressando a casa de Metro, sob o peso da vergonha sentida depois das muitas loas tecidas junto dos familiares à nova solução de mobilidade… e com a família toda atrás!...

A terminar, apenas um ligeiro paliativo: encontrado um posto de abastecimento a funcionar, é verdade que tudo se processa de forma extremamente fácil – é retirar o cabo de dentro de uma das duas malas (óptima solução em termos de arrumação!) colocadas no porta-bagagens, ligar uma extremidade à ficha colocada por debaixo do símbolo do carro no capot frontal, dirigirmo-nos ao posto, passar o cartão no leitor, marcar o código PIN, seleccionar o ponto de carregamento, ligar aí a outra extremidade do cabo, voltar a trancar a portinhola do posto, et voilá, esperar até que o carregamento fique concluído! Sendo que o próprio automóvel pode avisar-nos, numa mensagem para o iPhone, da conclusão de todo o processo… ou de que este já não se está a efectuar – porque basta o encalhar de um qualquer transeunte mais distraído no cabo para que a ficha se desligue da tomada no posto de abastecimento, deixando o processo a meio!

No fundo, no fundo, trata-se apenas de mais um motivo para sermos obrigados a concordar: o VE é uma óptima solução, sem dúvida… mas, se calhar, não para já."

Em: http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=543230
NISSAN LEAF Branco c/Spoiler mk1 de 09JUN2011. 195.000 kms.
TESLA Model 3 AWD. Encomenda 03JUL2019. Entrega 09JUL2019. 72078 kms.
Associado da Associação de Utilizadores Veículos Eléctricos http://www.uve.pt

Responder

Voltar para “Experiência de condução com o Nissan LEAF”